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quinta-feira, 25 de junho de 2015

COORDENADOR PEDAGÓGICO: LIMITES E DESAFIOS NO CONTEXTO ESCOLAR1



COORDENADOR PEDAGÓGICO: LIMITES E DESAFIOS NO CONTEXTO
ESCOLAR1
Na escola atual o Coordenador Pedagógico é levado a assumir várias funções, muitasvezes relegando em segundo plano aquela atividade que poderíamos considerar comoessencial. O presente artigo busca discutir a função central do Coordenador Pedagógico noespaço escolar. Os resultados aqui apresentados são frutos das atividades desenvolvidas durante o ano letivo de 2013 no curso   de pós graduação curso esse oferecido  pela UFMT aos coordenadores pedagógico Nossos estudos foram embasados em discussões de textos como, Bussmann (1995),Veiga (1995), Pimenta (1997), Ferreira (2002), entrevistas e questionários, realizados com a equipe pedagógica e professores  de uma   escola  Municipal da cidade de Rondonópolis MT cotidiano do Coordenador Pedagógico.

O Coordenador Pedagógico no contexto do Projeto Político-Pedagógico (PPP)
No texto Projeto Político-Pedagógico da Escola: uma construção coletiva, Ilma Passos Alencastro Veiga (1995) afirma que no projeto político-pedagógico, a escola deveplanejar o que tem a intenção de realizar, devendo este nortear todo processo educativo e nãoapenas satisfazer exigências meramente burocráticas. Para a autora, todo projeto pedagógico épolítico “[...] por estar intimamente articulado ao compromisso sócio-políticocom osinteresses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade.” (VEIGA, p. 13).Nesse sentido o PPP deve propiciar permanentemente a reflexão e discussão dosproblemas da escola, além da vivência democrática necessária para a participação de todos osmembros da comunidade escolar, superando os conflitos e eliminando as relaçõescompetitivas. Para isso faz-se necessário uma autonomia da escola na elaboração do seuprojeto, através do debate, diálogo e reflexão coletiva, recebendo apenas assistência técnica efinanceira das instâncias superiores do sistema de ensino.O projeto político-pedagógico deve estar embasado em princípios que norteiam aescola democrática, pública e gratuita como: igualdade de condições para o acesso econstrução coletiva e permanência na escola; qualidade para todos, e não só para as minorias econômicas e sociais;gestão democrática que envolva a participação dos representantes dos diferentes segmentos daescola nas decisões/ações administrativas pedagógicas ali desenvolvidas; liberdade;valorização do magistério.
 A implementação desses princípios básicos na elaboração do PPPdeve contribuir para a superação da fragmentação do trabalho pedagógico.Veiga (1995) ainda aponta elementos básicos na construção do projeto políticopedagógico:finalidades que se referem aos efeitos intencionalmente pretendidos e almejadospela escola; estrutura organizacional que visa identificar quais estruturas são valorizadas epor quem, verificando as relações funcionais entre elas; currículo que é uma construção socialdo conhecimento pressupondo a sistematização dos meios para que esta construção se efetive;tempo escolar que ajuda na organização do trabalho pedagógico e é composto por calendárioe horário escolar, entre outros; processo de decisão que deve prever mecanismos queestimulem a participação de todos; relações de trabalho calcadas nas atitudes desolidariedade, reciprocidade e participação coletiva; avaliação.
Portanto, a construção do projeto político-pedagógico requer tempo para reflexões,democratização do processo de tomada de decisões e instalação de um processo coletivo deelaboração. Ao falar do PPP, Antônia Carvalho Bussmann (1995), o considera como fatorfundamental no exercício da democracia. Sua implantação concreta será o resultado de uma
 politização, mas isso não acontece de imediato.Como faz parte da função da escola à “política educativa”, o Projeto Político-Pedagógico deverá ser considerado sempre como inacabado, cujos resultados são gradativos,daí a importância da discussão crítica em torno do assunto, inclusive da comunidade escolar.Referindo-se à administração escolar (BUSSMANN, 1995), parte do pressuposto deque toda a escola para uma boa administração precisa ter em foco: sua missão e concepção dehomem, sociedade e conhecimento, seu público alvo e o ambiente em que opera. Desse modo,não basta ser bom administrador para conduzir uma escola, pois esta se distingue em váriosaspectos da empresa e exige um preparo específico. Segundo a autora:
[...] historicamente a administração da educação no Brasil, em nome da
racionalização tem oscilado entre as ênfases na burocratização, na tecnocracia,
estrutura escolar e na gerência de verbas com maior ou menor centralização e com
todas as variações do uso das leis, das máquinas e dos modelos. (BUSSMANN,
1995 p. 41).
        Hoje, no entanto, a educação pressupõe a capacidade de cada pessoa para aconstrução do conhecimento, na condição de agente daquele que pensa, age e faz. O administrador exerce um importante papel na escola, pois cabe a ele tomar as decisões políticas que a escola exige e a implementação dessas decisões, sempre com um intervalo para o diálogo e discussão, garantindo assim uma prática democrática.A autora reforça o papel político da escola e a importância da formação adequada não só do administrador, como de toda a equipe pedagógica. Conclui afirmando que a escola só será democrática quando romper com suas estruturas fragmentadas; demonstrar clareza dos
princípios e diretrizes; envolver a comunidade escolar, rompendo com  o individualismo e estabelecendo parcerias através de um diálogo franco.
    Segundo Nilda & Garcia (2002), até os anos 80 havia uma concepção de que os especialistas deveriam trabalhar isoladamente, cada um na sua especificidade, recriando adivisão do trabalho fabril na escola com o trabalho fragmentado. No entanto, esse critério vem  mudando, não se defende mais que supervisores e orientadores trabalhem isoladamente, pois a escola deve acompanhar as mudanças ocorridas na sociedade, a fim de adequar-se a nova
Demanda. De acordo com as autoras, “a escola parece viver um momento redefinição de papéis, inclusive o seu próprio e o de todos e todas que nela interagem, incluindo nisso seus alunos e alunas.” (p.132).
     A escola foi pensada como um espaço que garantisse um lugar no mundo do trabalho , sendo que ao final do curso de formação para qualquer área, o aluno era considerado pronto para atuar profissionalmente, principalmente aqueles que seguissem as normas, semostrassem estudiosos e obedientes. Os que não correspondiam a essas expectativas eram preparados para funções subalternas.
     Hoje, nem a estes a escola pode garantir um futuro de sucesso, apesar de contribuir para uma melhor inserção no mercado de trabalho, à medida que a escola proporcione “[...]
oportunidades de desenvolvimento de uma flexibilidade intelectual, desensibilidade e abertura para o novo, de criatividade em face de situações desafiadoras, de atitude crítica e construtiva face aos impasses que o mundo coloca” (Alves & Garcia, p.133).
Há muito tempo a escola deixou de ser o único lugar de acesso ao conhecimento ,passando a ser apenas mais um entre muitos, onde ocorre o encontro das múltiplas redes de conhecimento, onde cada sujeito traz consigo uma bagagem. Portanto, a escola deve ser o espaço de convergência das várias experiências e vivências que cada um traz consigo,
enfatizando que “ninguém sabe tudo e ninguém nada sabe”. Desse modo, a escola é chamada a propiciar que os diferentes conteúdos curriculares se entrelacem aos conhecimentos prévios dos alunos, e principalmente romper com a divisão disciplinar, através da transversalidade.
    Delineia-se aí um importante papel para os supervisores e orientadores escolares, no sentido de que a escola esteja aberta, permitindo a entrada do universo cultural dos alunos ereconhecendo sua importância. Portanto, “[...] a velha divisão do trabalho escolar com os proprietários de determinadas funções perde o sentido, dando lugar a uma nova divisão do
trabalho, mais orgânica [...] a partir das diferentes situações.” (idem, ibidem, p.137).
Isso só será possível quando incorporarmos aos cursos de formação desses
profissionais, idéias e ações que lhes permitam viver na prática e criticar com o apoio das teorias, experiências de processos transdisciplinares.
      Segundo Diniz (2000), em seu texto Debates e Pesquisas no Brasil Sobre Formação Docente, nos anos 70 sob a influência da psicologia comportamental e da tecnologia aeducacional, os professores eram formados na teoria tecnicista. A educação nessa época tinhaum caráter funcional, dando primazia a questões de experimentação, racionalização, exatidãoe planejamento.
      A partir dos últimos anos da década de 1970, começam a ser denuncia das limitações se insuficiências desse enfoque, e a tecnologia educacional passou a ser fortementequestionada pela crítica de cunho marxista, consequentemente a educação passou a exercerum caráter político e a prática pedagógica assume um compromisso com as classes populares,
já a formação de professores seguiu o movimento de redemocratização do país. Iniciaram-seas críticas sobre a privatização do ensino e da cultura, supervalorização do capital,desvalorização dos professores e consequente queda da qualidade de ensino.
Com as mudanças ocorridas no cenário internacional, a partir do final dos anos 80, opensamento e os estudos sobre a formação do professor voltam-se para a importância de seformar um profissional reflexivo, cuja atividade se alia à pesquisa.
       A formação dos professores precisa ser analisada com base em teorias que estabeleçam relações entre opessoal e o social, o coletivo e o individual.
     Segundo o autor, grande parte dos estudos desmistifica a idéia de que compete aopesquisador produzir o conhecimento e ao professor reproduzir esses saberes; vê-se assim, anecessidade de uma reorganização didática, onde o professor precisa compreender o próprio processo de construção do conhecimento escolar. O centro das atenções desloca-se da
formação inicial para a continuada, reforçando a idéia do “saber docente” que constrói com oingresso dos mesmos no mercado de trabalho.
     MirzaSeabraToschi (1998), em seu artigo tem como objetivo analisar o projeto político pedagógico escolar, a partir da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), lei9394/96, que traz mudanças significativas, entre elas a descentralização, que é uma das bases da democratização e através desta, o ensino que vislumbra o papel principal da escola: a apresentação de novas perspectivas na sociedade, alterando as relações políticas e sociais.Embora o discurso seja a democratização, a autora tece uma crítica aos órgãos federais porimplantarem a descentralização restrita, ou seja, o governo decide os parâmetros curriculares,controlando a aquisição dos livros didáticos e a avaliação das escolas, enquanto à instituição cabe principalmente o compromisso administrativo
       .A autora identifica várias falhas na nova lei, no que diz respeito à descentralização e democratização, discute a participação dos pais na elaboração e a função do Projeto PolíticoPedagógico, o papel dos professores, do diretor e principalmente da escola. Segundo Toschi:“a intenção é, pois, indicar que não se pode discutir a descentralização e a democratização da
educação escolar, sem se referir à forma como é concebido o exercício do poder político nopaís; sem se levar em conta as tendências sócio-econômicas; enfim, sem se referir a nossaprópria formação social.” (1998, p. 39).Quando falamos de gestão democrática, discutimos questões que vão além da escola,
da economia e da política, para discutir as relações sociais que desejamos formar. Desse modo, não é possível um Projeto Político Pedagógico estático ou com prazo de validade, mas um projeto que vai sendo construído num processo histórico e, portanto, inacabado. O Projeto Político - Pedagógico é um conjunto de normas que norteiam a práticapedagógica, e deve ser construído por toda a comunidade escolar, através da gestãodemocrática. Não podendo a comunidade escolar admitir que as formas de organização dotrabalho pedagógico sejam impostas, nem tão pouco se acomodar e esperar que essas formas caíssem como dádivas.
     Apesar da construção do PPP ser responsabilidade da escola, deve obedecer aosobjetivos nacionais da educação e ao mesmo tempo respeitar as especificidades e a diversidade cultural da comunidade que a compõe. Portanto, deve partir da reflexão de que:
[...] é um instrumento de resistência à fragmentação do trabalho pedagógico, à sua
rotinização e ao controle hierárquico e autoritário vigente na maioria das escolas.
Deve ser propositivo, deve apontar alternativas de reorganização do trabalho
pedagógico da escola, que rompa com as formas tradicionais, onde a finalidade da
escola se perde na burocracia administrativa (p. 7).
Diferentes olhares sobre o Coordenador Pedagógico
     Segundo Francisco Carlos Franco, (2004), em A indisciplina na escola e a
coordenação pedagógica, entre as reclamações mais constantes que os professores fazem no seu dia-a-dia, a mais freqüente é sobre a indisciplina. O problema não é novo, porém, nos dias atuais está ganhando uma dimensão até então não vivenciada na escola. Muitos professores encontram grande dificuldade para conviver, administrar e criar alternativas de intervenção que possam ajudá-los a contornar situações dilemáticas com alunos indisciplinados.
Na maioria das vezes os professores preferem encaminhar os alunos à direção ou ao Professor Coordenador Pedagógico (PCP), para que sejam aplicadas sanções a esses alunos indisciplinados. Vale lembrar que ações autoritárias não resolvem o problema e pouco ajudamos alunos, podendo aumentar ainda mais o comportamento indesejado. Nesse contexto, destacamos a importância do PCP, que pode junto à equipe escolar, ajudar o grupo a discutir e a refletir sobre o problema da indisciplina. Este profissional pode ser pautado em duas dimensões: como investigador da realidade e na proposição de um projeto de formação junto ao corpo docente, como formas de buscar alternativas para mediar o problema.Vários pontos podem ser observados pelo Professor Coordenador Pedagógico: o que os professores entendem por indisciplina? A relação professor-aluno, a maneira como oprofessor concebe a disciplina em sala de aula influencia a sua relação com o aluno.Geralmente é o docente que prima por uma relação pautada no respeito mútuo e que percebido pelos alunos com admiração. Cabe ao PCP verificar como são as relações entre os
professores e os alunos, pois nessa dinâmica pode estar o fator desencadeador de muitos conflitos que se apresentam nas escolas.
    Diante dos dados coletados, o Coordenador pode em conjunto com a equipe escolar ,construir um projeto visando à superação dos problemas. Nessa etapa é importante garantir aparticipação de toda a comunidade escolar. Várias ações podem ser planejadas, abrangendopais, alunos, funcionários, professores e equipe técnica.Orsolon (2004) em uma pesquisa com escolas públicas e particulares nos traz a visãode professores e coordenadores sobre a participação dos pais no espaço escolar. Existem muitas diferenças econômicas e culturais entre as famílias dos alunos, e a escola precisa conhecê-las individualmente para poder desencadear um trabalho intencional, trazendo os pais para participar através de uma gestão democrática. Para que isso aconteça é indispensável que haja um bom relacionamento entre família/escola, baseado no diálogo, trocam de experiência, discussões e decisões conjuntas. O principal desafio do Coordenador Pedagógico
para alcançar metas de forma satisfatória, além de conhecer o contexto da família deve demonstrar claramente a dimensão política de suas ações.
     A autora aponta ainda as principais diferenças entre os alunos da escola pública e departicular. Na particular, devido à situação financeira e a escolaridade privilegiada, muitos pais se relacionam com a escola como consumidores de um serviço, assim cobram umaeducação que satisfaça aos seus anseios. Isso não acontece na escola pública e essaconscientização é mais um desafio deste profissional.
   Portanto, entendemos que um Coordenador comprometido precisa estabelecer parcerias entre família eescola, através deespaços planejados e de um trabalho intencional, norteado pela consciência política.
Sousa (2004) em o coordenador pedagógico e o atendimento à diversidade, a função do coordenador pedagógico implica em lidar com grupos, organizando, orientando eharmonizando. Na escola os grupos se caracterizam pela diversidade e pelas múltiplas interações entre o Coordenador Pedagógico, professores, alunos, pais, diretor, etc. No entanto,o tempo para essas interações é pequeno e restrito aos intervalos, reuniões, entrada e saída aumentando a complexidade da função. Questão que deve ser contemplada na formaçãoinicial e permanente desse profissional.
      Tendo a escola grupos diferentes, programas e rotinas, possui também antagonismos,os quais geram conflitos permanentes e também contradições. Sendo que na medida em que oCoordenador Pedagógico entende essas contradições pode desenvolver ações para enfrentá-las.As principais contradições referem-se a: unidade e diversidade, onde a escola acaba pornegar a diversidade em favor de uma cultura escolar sustentada pela racionalidade, autonomiae dependência do grupo em relação ao Coordenador Pedagógico; invariância e mudança;harmonia e conflito, ao passo que nenhum grupo sobrevive submetido a conflitospermanentes, nem tão pouco cresce sobre constante harmonia.O grupo de professores, também é marcado pela diversidade de experiências, deformação e de objetivos. É com essa diversidade que o Coordenador Pedagógico se defronta etem que trabalhar. Já com os pais o grande desafio é criar canais de comunicação e convencê-losde que devem participar do processo educacional de seus filhos, em parceria com a escola.Há ainda as pressões de instâncias superiores, e a carga de trabalho burocrático, que ocupaquase todo o seu tempo que deveria ser dedicado às funções pedagógicas.Estar e trabalhar com grupos traz como condição lidar com a diversidade, não sendopossível, contudo, prever o resultado de um trabalho em grupo, devemos planejar o quefaremos a partir de hipóteses, aprendendo a lidar com as incertezas, compreendendo que
“[...] o controle da situação não está em suas mãos, mas nas mãos de todos os participantes doprocesso interativo. [...] Assim, dentro de um grupo de professores, por exemplo, não épossível dissociar um do outro, culpabilizando um elemento do grupo por um fato ouresultado” (SOUZA, 2003, p.110)Assim o Coordenador Pedagógico deve evitar assumir toda a responsabilidade
sozinho, pois o trabalho conjunto possibilitara administrar os conflitos e chegar a soluçõestemporárias, que permitirão o crescimento do grupo e do processo educativo. Onde cadaproblema e cada conflito vividos na escola será uma oportunidade de aprendizado para todosos envolvidos neste processo.
Visita ao campo de estágio
No sentido de melhor compreender o papel do pedagogo no interior da escola, assim, como as atividades desenvolvidas na sua rotina . Durante a conversa com a diretora, ela relatou que existem muitos problemas em relação à dificuldade de aprendizagem. Ressaltou ainda, aausência da família na escola e no acompanhamento e desenvolvimento do aluno, além de
destacar a importância da gestão democrática na qual acredita e procura vivenciar.A diretora é formada em ciências biológicas e pós-graduada em gestão escolar,destaca que os principais problemas da escola são: indisciplina e principalmente a dificuldadede aprendizagem, e que os problemas são resolvidos em conjunto com a equipe pedagógica.
Ressaltou que a gestão democrática é possível sim, mas deve haver uma participação efetiva,tomando as decisões em conjunto. Afirmou que é difícil envolver todos os profissionais daescola, os pais, os alunos e a comunidade em geral.Quanto ao P.P. P, a diretora considerou importante por conter todo o planejamentoque a escola deve realizar no ano e está em constante transformação. A diretora faz algumas críticas ao Núcleo Regional deEducação que pede o P.P. P a cada quatro anos, sendo que
deveria ser feito anualmente. Salientou ainda, que a comunidade participa das reuniões,promoções, além de trazer sugestões. A participação dos pais é boa, mas existem aqueles quenão participam. Questiona que muitas vezes não se tem autonomia porque está submetida aosórgãos superiores, como a Secretaria Municipal de educação de Santa Helena e o núcleo, amesma aponta para um quadro instável de professores o que acaba acarretando problemas naárea de ensino e aprendizagem.Em relação aos problemas que a escola enfrentava antes da implantação do P.P. P, adiretora disse que não havia uma unidade em relação à proposta pedagógica da escola.Segundo ela seu processo de formulação foi no coletivo, com a participação da direção,
coordenação, professores, APM, Conselho Escolar e pais, sendo que a maior dificuldadeencontrada foi à falta de tempo para reunirem-se em assembléia geral.Quanto aos avanços após a implantação do P.P. P, a diretora ressaltou que devido àsreuniões pedagógicas tornou-se possível a melhoria na qualidade de ensino e a implantação dagestão democrática. Referente à formação dos professores a maioria está buscando oaperfeiçoamento. E com relação à identidade da escola, o P.P. P possibilitou a discussão emgrupo, envolvendo representantes de toda comunidade escolar sobre a proposta pedagógica.
Em relação à Gestão Democrática, a mesma afirmou que deve ser um processo deenvolvimento e discussão coletiva dos problemas da escola, e este deve ser implementadocotidianamente através da participação. Porém, em decorrência da instabilidade do corpodocente, há uma dificuldade de realização da proposta pedagógica. Ainda que haja problemas
de indisciplina e dificuldades de aprendizagem, não há evasão escolar.
Aplicação do questionário
A partir das leituras e discussões dos textos sobre o Coordenador Pedagógico,sentimos também a necessidade de elaborar um questionário voltado aos professores da escola.
. As perguntas formuladas referem-se à formação dos mesmos, quanto ao
tempo de atuação em sala de aula, qual a importância que eles atribuem ao Projeto Político-Pedagógico (PPP), bem como ao Coordenador Pedagógico, suas funções e atribuições alémde delimitarem quais as atividades que são responsabilidades deste profissional.Formulamos ainda, questões nas quais o professor indica o papel central doCoordenador na escola e qual deve ser a função da escola pública na atualidade. No total oram aplicados questionários junto a6 professores de Educação de 1ª ao   4ª ano Ensino Fundamental.
 Com relação à formação dos professores, verificamos que em suamaioria apresentam graduação em pedagogia com pós-graduação. Referente ao tempo deatuação, sete professores têm de dois a dez anos e dois professores têm mais de dez anos.
Quanto à importância atribuída ao P.P. P, o que mais se destaca é: o P.P. P comoarticulador e integrador do trabalho coletivo, instrumento da realidade escolar que direcionaas práticas educativas de acordo com o contexto social, econômico e cultural dos educando ,além de estabelecer princípios e diretrizes para ação pedagógica.Quando questionados sobre as atividades do Coordenador Pedagógico junto aosprofessores, os mesmos apontam que este deve: trabalhar junto aos professores, voltando-separa a formação continuada; estimular a pesquisa e o trabalho coletivo; auxiliar noplanejamento das aulas, no trabalho com os pais e em sala de aula; esclarecer dúvidas elaborar projetos, sendo mediador entre a escola e a secretaria de educação; devendo ainda
trabalhar como orientador, auxiliando na indisciplina e orientando os alunos com dificuldades
de aprendizagem.
Ainda, quando interrogados sobre a concepção que tem a respeito das atribuições do
Coordenador Pedagógico, observamos que houve uma falta de delimitação quanto à função,
pois grande parte das respostas voltava-se para um aspecto amplo, as ações pedagógicas, ou
seja, qualquer função voltada para o ensino/aprendizagem, entre outras: coordenar, além de
desempenhar a função do supervisor, é desenvolver projetos, resolver os problemas na escola;
auxiliar nas atividades com a comunidade escolar, articulando-a no sentido da melhoria do
trabalho pedagógico e na elaboração do P.P. P; acompanhar o planejamento de ensino;
encaminhar os alunos para a recuperação de estudos, bem como os que necessitam de
atendimento especializado.
Finalizando o questionário indagamos qual deve ser a função da escola pública na
atualidade, sendo que dois professores não entenderam a questão e fizeram uma crítica, os
demais julgam ser a função: repassar e transmitir conteúdos; auxiliar a criança no processo de
ensino/aprendizagem, oferecendo subsídios materiais e intelectuais; formar cidadãos críticos;
orientar os alunos para uma formação integral, ou seja, para além da formação da mão-deobra,
oferecendo uma formação geral; garantir um ensino/aprendizagem com qualidade apartir de uma visão crítica do mundo. Avaliamos que em nossas visitas e nas entrevistas,nossos objetivos foram alcançados, na medida em que houve uma boa aceitação do grupo, a
equipepedagógica demonstrou interesse em estar colaborando conosco.
Coordenadora Pedagógica
Entrevista realizada no dia 20/10/2013, com as coordenadoras pedagógicas da EscolaMunicipal Tancredo Neves. No sentido de compreender como tem sido a função docoordenador pedagógica no campo de estágio, elaboramos um questionário com questõesvoltadas a função deste profissional que detalharemos a seguir:01) Qual a concepção de Coordenação Pedagógica? A - O Coordenador Pedagógicoestá acompanhando todo o trabalho da escola desde professores, alunos, quando faltam, tem que estar atenta ao P.P. P, ao regimento, toda a documentaçãoda escola e dos alunos, além do trabalho pedagógico e também o atendimento aos pais e aos
alunos.B – entende que a sua função na verdade é de colaboradora mesmo como um todo naescola. criança fica doente assume o papel de mãe, sai muito daquele lado burocrático de verificar
livro de chamada, planejamento, fazer horários, isso tudo é sua função.
02) Qual o cotidiano de um Coordenador na escola?
A – Tem dividido os horários de planejamento dos professores, cada série tem o seuhorário de planejamento. Quando chega já sabe o horário e procura estar na sala deplanejamento para ver se o professor precisa de algum auxílio, procurar algum material. Hátambém outras questões para estar resolvendo, de alunos que às vezes são encaminhados paraa coordenação ou pais que precisam ser chamados para conversar por algum motivo.
B - Há semanas que dá para acompanhar o planejamento de todos, mas há semanasque é atropelado. O ideal seria que se tivesse esse tempo para sentar com todos os professoresdurante todo o planejamento que é onde surgem dúvidas e se falta algum material.
A - Também é uma forma de estar acompanhando quando se está ali preparandomaterial se sabe mais ou menos o que o professor já está trabalhando em sala quando não se
tem tempo de estar lá durante o planejamento.
03) Quais os desafios que mais se deparam?
B – Com a indisciplina dos alunos, porque todos os dias têm alguma ocorrência
principalmente na hora do intervalo. Nas salas os professores têm um bom desempenho e não está se tendo muitos problemas dentro da sala. Trabalhou alguns anos somente na supervisão
e era diferente, até se envolvia com alunos, mas não tanto como Coordenador, acha que o
trabalho do Coordenador Pedagógico é bem mais amplo porque abrange as duas funções.
A – Também até o ano passado trabalhou só na supervisão e se envolvia muito pouco na questão de alunos e pais. A partir desse ano passou fazer o trabalho de coordenação.
B– Dividiram as turmas, pois são vinte turmas e para poderem se organizar melhor.A Coordenadora “A” ficou com a parte da educação infantil e primeira série, eu fiquei com a
2ª, 3ª e 4ª série, mas estamos sempre atuando em conjunto.
A– Estamos sempre conversando sobre os problemas dos alunos e dos professoresque coordena para a Coordenadora “B” saber o que acontece na, pois se umdia eu faltar ela estar por dentro do que está acontecendo.
B- Há os horários que elaboram como os de computação, de contra-turno, sala deapoio, tem que estar vendo todos esses alunos que vem no contra-turno para não dar choquede horários, são tudo coisas que precisam ser pensadas e planejadas.04) Qual o trabalho que desenvolvem junto aos pais, alunos e professores?
B – Sala de apoio, aula de computação, com os professores reunião pedagógica,
conselho de classe, com os pais assinatura de relatórios que é bimestral, entrega de relatórios  ,reuniões que são feitas no começo do ano, e atividade como  e eventos  dias das mães, dia dos pais, festa junina.
Considerações Finais
A partir de leituras e discussões de textos, visitas a escola de questionários e entrevistas aplicados junto aos professores e equipe pedagógica, percebemos que o coordenador pedagógico exerce inúmeras funções, dentre elas o atendimento aos pais,alunos e professores, é articulador do processo democrático da escola, visando uma construção coletiva, apesar das divergências.
Porém, julgamos ser central, na função do coordenador, o trabalho na formação continuada dos docentes, proporcionando subsídios necessários para a realização do mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Formação de Formadores. APP- Sindicato – turma 97/98. Mudando a Cara da Escola:
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Trajetória, 4. Belo Horizonte: Autêntica, 2000
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pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001-(Guia da escola cidadã;
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