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domingo, 5 de julho de 2015

BOM DIA, TODAS AS CORES!



BOM DIA, TODAS AS CORES!
Ruth Rocha

Meu amigo Camaleão acordou de bom humor.
— Bom dia, Sol! Bom dia, flores! Bom dia, todas as cores!
            Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho, mudou sua cor para a cor-de-rosa, que ele achava a mais bonita de todas, e saiu para o sol, contente da vida.
            Meu amigo Camaleão estava feliz porque tinha chegado a primavera. E o sol, finalmente, depois de um inverno longo e frio, brilhava, alegre, no céu.
            — Eu hoje estou de bem com a vida. Quero ser bonzinho pra todo mundo...
            Logo que saiu de casa, o Camaleão encontrou o professor Pernilongo. O professor Pernilongo toca violino na orquestra do Teatro Florestal.
            — Bom dia, professor! Como vai o senhor?
            — Bom dia, Camaleão! Mas o que é isso, meu irmão? Por que é que mudou de cor? Essa cor não lhe cai bem... Olhe para o azul do céu. Por que não fica azul também?
            O Camaleão, amável como ele era, resolveu ficar azul como o céu de primavera...
            Até que numa clareira o Camaleão encontrou o Sabiá-laranjeira:
            — Meu amigo Camaleão, muito bom dia a você! Mas que cor é essa, agora? O amigo está azul por quê?
            E o Sabiá explicou que a cor mais linda do mundo era a cor alaranjada, cor de laranja, dourada.
            Nosso amigo, bem depressa, resolveu mudar de cor. Ficou logo alaranjado, louro, laranja, dourado.
            E cantando, alegremente, lá se foi, ainda contente...
            Na pracinha da floresta, saindo da capelinha, vinha o senhor Louva-a-deus, mais a família inteirinha. Ele é um senhor muito sério, que não gosta de gracinha.
            — Bom dia, Camaleão! Que cor mais escandalosa! Parece até fantasia pra baile de carnaval... Você devia arranjar uma cor mais natural... Veja o verde da folhagem... Veja o verde da campina... Você devia fazer o que a natureza ensina.
            É claro que o nosso amigo resolveu mudar de cor. Ficou logo bem verdinho. E foi pelo seu caminho...
            Vocês agora já sabem como era o Camaleão. Bastava que alguém falasse, mudava de opinião. Ficava roxo, amarelo, ficava cor-de-pavão. Ficava de toda cor. Não sabia dizer NÃO.
            Por isso, naquele dia, cada vez que se encontrava com algum de seus amigos, e que o amigo estranhava a cor que ele estava...
            Adivinhe o que fazia o nosso Camaleão.
            Pois ele logo mudava, mudava para outro tom...
Mudou de rosa para azul. De azul para alaranjado. De laranja para verde. De verde para encarnado. Mudou de preto para branco. De branco virou roxinho. De roxo para amarelo. E até para cor de vinho...
            Quando o sol começou a se pôr no horizonte, Camaleão resolveu voltar para casa. Estava cansado do longo passeio e mais cansado ainda de tanto mudar de cor.
            Entrou na sua casinha. Deitou para descansar. E lá ficou a pensar:

            — Por mais que a gente se esforce,
            não pode agradar a todos.
            Alguns gostam de farofa.
            Outros preferem farelo...
            Uns querem comer maçã.
            Outros preferem marmelo...
            Tem que goste de sapato.
            Tem quem goste de chinelo...
            E se não fossem os gostos,
            Que seria do amarelo?

            Por isso, no outro dia, Camaleão levantou-se bem cedinho.
            — Bom dia, Sol! Bom dia, flores! Bom dia, todas as cores!
            Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho, mudou sua cor para a cor-de-rosa, que ele achava a mais bonita de todas, e saiu para o sol, contente da vida.
            Logo que saiu, Camaleão encontrou o Sapo Cururu, que é cantor de sucesso na Rádio Jovem Floresta.
            — Bom dia, meu caro Sapo! Que dia mais lindo, não?
            — Muito bom dia, amigo Camaleão! Mas que cor mais engraçada, antiga, tão desbotada... Por que é que você não usa uma cor mais avançada?
            O Camaleão sorriu e disse para o seu amigo:

      Eu uso as cores que eu gosto,
E com isso faço bem.
Eu gosto dos bons conselhos,
Mas faço o que me convém.
Quem não agrada a si mesmo,
Não pode agradar ninguém...

            E assim aconteceu
O que acabei de contar.
Se gostaram, muito bem!
Se não gostaram, AZAR!


Narração de Ruth Rocha no CD Mil Pássaros – Palavra Cantada



Interpretação do texto: Bom Dia Todas as Cores

Ruth Rocha


1-  Escreva o nome de alguns personagens do texto.

2- Quem é o personagem principal do texto? Quais suas características?

3- Qual era a cor preferida do Camaleão?

4- O Camaleão mudou várias vezes de cor. Escreva uma dessas mudanças e porque ela a fez.

5- O Camaleão acordava de bom humor e cumprimentava as coisas ao seu redor. Como era esse cumprimento?

E você? Costuma cumprimentar as pessoas? Como?

6- Depois de fazer os gostos de todos, o Camaleão mudou de idéia. Mudou para a cor que mais gostava e disse ao sapo:
     Eu uso as cores que eu gosto,
E com isso faço bem.
Eu gosto dos bons conselhos,
Mas faço o que me convém.
Quem não agrada a si mesmo,
Não pode agradar ninguém...

O que você achou das palavras do Camaleão? Concorda ou não com ele?

7- Agora vamos falar de você. Você costuma mudar de idéia ou fazer alguma coisa só porque os outros querem ou tem suas própria idéias? Escreva.

8- Qual mensagem o texto passou a você?

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