Conteúdos
fundamentais para as características da turma e princípios norteadores da prática
pedagógica
Antes de iniciar as atividades com a
turma e as avaliações iniciais para intervirmos no processo de ensino-aprendizagem
dos alunos, acho que devemos nos nortear em alguns princípios da prática
pedagógica, tais como: realizar projetos interdisciplinares com as disciplinas de história, geografia e
ciências . Projetos que são de interesse
das crianças ou instigados pela professora, porém que enfatizem valores e
atitudes de respeito em relação as diferenças entre as pessoas que estão
relacionadas a etnia, questões de gêneros, diferenças na forma física , pessoas com necessidades especiais,
pluralidade cultural , diferenças de classes sociais, etc. Além de temas como
respeito aos animais, preservação ambiental, desperdício de água e energia,
ética, etc. Estimular o
pensamento crítico das crianças quanto às desigualdades sociais e
conscientização de seus direitos e deveres.
Planejar e direcionar atividades que
envolvam em que as crianças sejam ativas no processo de ensino-aprendizagem. Realizar
as atividades de forma que favoreça o diálogo, a curiosidade através de
perguntas e pesquisas. Um planejamento que inclua atividades pedagógicas
diversificadas e que estejam próximas do nível de aprendizagem dos alunos. Uma
rotina diária para que as crianças tenham previsibilidade das atividades,
favorecendo maior organização da sala e das atividades. Realizar junto com os
alunos os combinados que estabelecem as regras de convivência da turma, para
que possam conviver em um ambiente de respeito, afeto, e cooperação com o próximo,
favorecendo a organização necessária para que os alunos avancem no processo de
ensino-aprendizagem. Estreitar relações com os alunos demonstrando afeto e
respeito, porém usando a autoridade em caso de desrespeito e se for necessário
chamar os pais para conversar. Transmitir segurança aos alunos com um
planejamento organizado em uma sequência didática, além de estar sempre
pesquisando e ampliando o conhecimento para utilizar a metodologia mais
adequada a fim de que as crianças possam aprender e avançar.
Após avaliação inicial, constatei
que a maioria dos alunos estão em níveis pré-silábico e silábico da escrita. As
atividades serão planejadas de forma que
intervenham nestas hipóteses dos alunos em um contexto de letramento com
textos que tenham função social e sejam significativos para as crianças, portanto as atividades fundamentais estão relacionadas a aquisição da escrita alfabética em um
contexto de letramento.
As
intervenções pedagógicas nas
crianças com níveis pré-silábicos e silábicos de escrita serão atividades como:
reconhecimento dos nomes e de outras palavras de forma global/associando-as aos
objetos ou seres. Reconhecimento das letras iniciais e finais ( vogais e
consoantes), comparar semelhanças e diferenças entre os nomes e outras palavras.
Relacionar fonema/grafema das iniciais das palavras. Organizar as letras, tendo
como suporte outra palavra ( atividades com letras móveis ou em folhas
xerocadas), distinguir letras e números, contar número de letras e sílabas das
palavras. Completar com letra e sílaba inicial, escrever de acordo com a
hipótese de escrita e intervir nessas hipóteses, até que relacionem
fonema/grafema e avancem para o nível alfabético. Vincular o discurso oral e o
texto escrito, distinção entre imagem e escrita, reconhecer suportes diferentes
de textos distintos, reconhecer as letras como constituintes do texto,
introdução à distribuição espacial do texto e da estrutura das frases,
localizar qualquer palavra no texto, incluindo verbos , artigos e preposições,
usar preferencialmente textos , cujo conteúdo já está memorizado para leitura. Adaptar quando necessário as atividades
dos alunos alfabéticos e realizar parcerias com estes nas atividades mais
difíceis para os alunos com níveis iniciais de escrita, estimulando a inclusão
e a cooperação entre os alunos.
Desenvolver o gosto e a fluência na
leitura, realizando leituras diárias de livros de histórias, empréstimos de livros,
conversas e indicações sobre estes para os outros colegas. Estimular a produção
de textos, levando um caderno de meia pauta para casa para desenhar e escrever
sobre a história lida e compartilhar essa leitura e desenho com os outros
colegas. Realizar também leitura e interpretações de textos individuais tais
como: de contos de fadas, fábulas e outras histórias de autores como Mary
França, Sônia Junqueira, Ziraldo, etc. Utilizar a leitura de outros gêneros
textuais e a sua função social, como: textos informativos, poesias, narrativas,
bilhetes, cartas, listas, cartões, etc.
Produções de textos coletivos , desenvolvendo a oralidade e organização
do pensamento, para que depois possa expressar o pensamento nas produções de textos escritos individualmente.
Seja uma frase ou pequeno texto.
Trabalhar a matemática, realizando
atividades de construção da noção de número ( relação quantidade/numeral) e situações–problemas relacionados a adição,
subtração, noções de multiplicação e divisão. Operações matemáticas de adição e subtração
com unidades. Ampliar o sistema de numeração decimal até cem. Realizar estas
atividades, envolvendo a função da matemática na vida cotidiana dos alunos e de
forma concreta e lúdica, como a contagem
do total de alunos na sala, calendário, situações envolvendo objetos e brinquedos que os alunos
utilizam no dia a dia, jogos e brincadeiras , tornando as atividades
pedagógicas gráficas mais fáceis de serem compreendidas pelos alunos, material
concreto como tampinhas, palitos e material dourado, dinheirinho. Inserir as
atividades de matemática nos temas interdisciplinares, quando o tema sugerir.
O
processo de alfabetização inicia-se pelos nomes próprios, pois agiliza o processo
de aquisição da escrita alfabética, por ser algo significativo e, portanto mais
fácil de memorizar. São realizadas atividades na rodinha de reconhecimento
global dos nomes, das letras iniciais e finais e percepção das diferenças e
semelhanças entre os nomes. Em concomitância às atividades com os nomes , são
trabalhadas atividades com o alfabeto mostrando que este é dividido em letras
que são chamadas de vogais e consoantes, conforme as funções destas letras na
sílaba que compõem a palavra. São destacadas as vogais , trabalhando-se os sons
iniciais destas nas palavras, assim como a função das vogais nas sílabas ( toda
sílaba tem vogal e sem esta a consoante não tem som). São realizadas atividades
na rodinha e em folhas. As crianças começam a perceber o significado de sílaba,
contando nos dedos quantas sílabas tem o seu nome e dos colegas. São realizadas
atividades para completar com a letra e sílaba inicial dos nomes dos colegas,
organizar as letras dos nomes, tendo o telhadinho como suporte, copiar os nomes
de meninas e meninos, escrever de forma memorizada os nomes dos colegas,
agrupar nomes que começam com a mesma letra, contar número de letras e sílabas
dos nomes dos colegas,etc.
As
crianças conhecem um pouco da história da escrita, percebendo a necessidade do
ser humano de registrar a linguagem, desde a pré-história até os dias atuais
realizando atividades de leitura de textos informativos junto com a professora,
pesquisas, produção de texto coletivo e de artes com pinturas rupestres do
período da pré-história. Percebem que existem muitas outras formas de linguagem
e expressão desta , que já sabem ler muitas coisas, como : imagens, símbolos e
rótulos. Pesquisam sobre rótulos
e
imagens que sabem ler, além de atividades em folhas. É necessário que as
crianças conheçam todas as letras do alfabeto e comecem a relacionar o
som das
consoantes iniciais nas palavras, por isso, é mostrado e falado em
interação
com as crianças o alfabeto da sala de forma constante, além de
atividades em
folhas para relacionar o som das consoantes iniciais das palavras. Os
alunos confeccionam um alfabeto com nomes próprios e outro de acordo com
o tema
trabalhado na sala. São realizados pequenos projetos com temas das áreas
do
conhecimento social e natural (o corpo, alimentos saudáveis, a escola,
etc.) e
que são do interesse dos alunos, nestes são realizadas atividades de
forma
interdisciplinar que trabalham a apropriação do sistema de escrita
alfabética
com palavras do campo semântico estudado, tais como: relacionar
fonema/grafema
dos sons das letras iniciais dos nomes dos objetos de higiene ,
completar
palavras com as letras que faltam em nomes das partes do corpo, escrever
conforme as hipóteses de escrita os nomes de frutas, etc.
Depois
dessas atividades as crianças começam a
avançar rapidamente em suas hipóteses de escrita, pois conheceram todas
as
letras do alfabeto, além de realizar a relação fonema /grafema destas
letras ,
tendo assim suportes para construirem a escrita e em maio avançam para
níveis
silábicos (com consciência sonora de vogais ou consoantes) e
silábico-alfabéticos, porém é necessário sistematizarmos esse
conhecimento,
enfatizando o som de cada consoante e as sílabas inicias nas
palavras. Os alunos ditam palavras que começam com o som da mesma letra
(lista de
palavras), destacando-se em vermelho a letra e sílaba incial. As sílabas
nunca
são trabalhadas de forma isolada, mas destacadas a partir da palavra.
Elas
percebem o que é sílaba, sabendo que cada vez que abrimos a boca sai uma
sílaba
( pedacinho) . Realizam atividades em que percebem o som da letra
inicial que
foi destacada do alfabeto . Outras em que destacam das palavras as
sílabas
iniciais, escrevendo , lendo estas e descobrindo o grupo silábico da
letra ,
são realizadas atividades de escrita de palavras como, auto-ditados e
cruzadinhas, de leitura de palavras em atividades para ler e desenhar ou
ler no
caça-palavras. Atividades de produção e leitura de textos coletivos ,
escritas
e leituras individuais de frases ou pequenos textos sobre o tema
estudado.
A
sequência das letras ( fonemas) , podem ser trabalhadas de acordo com o projeto
escolhido ou conforme a turma e a professora combinarem. Em cada letra do
alfabeto conversam sobre uma figura relacionada e as crianças fazem pesquisas
para aprofundar o conhecimento, além de outras atividades pedagógicas
relacionadas aos temas do conhecimento natural ,social e matemático. Nestas
atividades as crianças fazem listas de animais mamíferos, aves, tipos de casas,
trabalhando-se todos os fonemas , escrevendo-se palavras com sílabas simples e
complexas. As crianças ditam as palavras e a professora escreve no cartaz ou
chama as crianças para escreverem, depois intervém nas hipóteses dessas. Nas
atividades individuais as crianças desenham animais mamíferos, por exemplo, e
escrevem de forma espontânea , tendo a intervenção da professora na hipótese do
aluno de acordo com cada nível ou se a atividade não for diagnóstica . A
apropriação do sistema de escrita , ocorre em um ambiente de letramento em que
as crianças percebem a função social da escrita. São trabalhados vários gêneros
textuais e seus suportes, tais como: poesias, textos de pesquisa(informativos),
histórias ( narrativas), bilhetes , etc. As atividades estão também sempre
relacionadas às artes ( plástica, música, dramatização e dança), tornando a
alfabetização mais lúdica e prazerosa, além de ampliar o conhecimento cultural
das crianças.
As
atividades com sílabas que não são iniciais são apropriadas aos alunos de
níveis silábico-alfabético e alfabético. As crianças que estão nos níveis pré
-silábico e silábico terão dificuldades em realizar atividades que se referem
as sílabas que não são iniciais, principalmente àquelas de juntar as sílabas e
formar palavras, no entanto podem realizar as atividades em que percebem o som
da primeira letra e escrever esta abaixo do desenho. A sílaba inicial é
percebida através do som da letra inicial. Os pré-silábicos irão aos poucos
percebendo que cada vez que abrimos a boca sai uma sílaba da boca, e avançam
para o nível silábico, só que a sílaba para eles representa uma letra . Para os
alunos silábicos, proponho atividades para completar a palavra com a letra
inicial , à fim de que relacionem fonema/grafema de vogais e principalmente de
consoantes, pois as crianças apresentam mais dificuldades em perceber o som
destas. Também são propostas outras atividades, como: trocar as vogais na
sílaba transformando a palavra, contar o nº de letras e sílabas, pedir que lêem
o que escreveram e colocar tracinhos para completarem com a letra que está
faltando na palavra . Estes procedimentos interferem na hipótese silábica
desses alunos , promovendo o avanço para os níveis silábico-alfabético e
alfabético. Atividades com letras móveis são apropriadas para os alunos com
hipóteses iniciais de escrita ( pré-silábicos e silábicos).
Apesar
dessas atividades sistematizarem o grupo silábico de determinada letra , este
não é fruto de memorização , mas de idéias construídas logicamente pelas
crianças que avançam em seus níveis de escrita, nos quais a intervenção da
professora na lógica de pensamento dos alunos os fazem mudar as suas hipóteses
iniciais sobre a escrita. Não são apresentadas somente as sílabas simples, mas
as complexas também , que são reforçadas à partir do mês de agosto ou setembro.
As atividades com chamadinha e nomes dos alunos não são realizadas somente no
início do ano.
Quanto
a letra cursiva, as crianças passam a escrever com estas quando avançam para o
nível alfabético de escrita. Isto não quer dizer que as crianças não são apresentadas
a esta. São apresentadas aos quatro tipos de letras, só não são obrigadas a
escrever com a cursiva. A seguir
um pequeno texto sobre a utilização da letra de forma na alfabetização.
Karla Cristina Carrozzino Gaudencio
Na alfabetização,
a letra de forma é ensinada primeiro que a cursiva
É
importante entender porque a criança aprende primeiramente a letrinha de forma
e não a cursiva e não simplesmente ensinar só porque a maioria faz assim e dá
certo! Realmente, dá certo, mas há uma explicação do motivo pelo qual essa
maneira é a melhor!
A
criança está desenvolvendo a motricidade na fase da alfabetização e a letra do
tipo bastão é mais fácil para se adequar neste momento. Os rabiscos começam a
se endireitar e formar letras.
As
letras de forma são ideais para esta fase, pois os caracteres são individuais e
podem ser escritos um após o outro. Os traços são resumidos a pauzinhos
aglomerados uns nos outros. Já as letras cursivas exigem uma agilidade maior,
uma vez que, além de outras finalidades, são utilizadas para tornar o registro
mais rápido. O traçado simples das
letras de forma dão maior liberdade no ato da escrita, ao contrário das “letras
de mão” que precisam de uma organização maior. O ato de ligar uma letra a outra
também dificulta o processo, pois anula a ação de tirar o lápis do papel e
investir as forças na próxima letra, o que ordena um esforço motor maior.
Além
disso, antes mesmo de serem alfabetizadas, as crianças já possuem contato com
as letras de imprensa em jornais, na televisão, em livros, gibis. Elas não
conseguem ler, mas fica na memória visual das mesmas.
Logo,
a percepção da letra de forma é mais rápida e fácil do que da letra cursiva. No
entanto, é importante trabalhar com esta última, assim que o infante se
habituar à primeira. Não há problemas se as duas formas coexistirem por um
tempo, porque independente da letra o que deve sempre estar em foco é a
escrita. Pois mais importante do que a letra que a criança escolhe, é a
compreensão da escrita como um ato de comunicação.
·
Por
Sabrina Vilarinho
·
Graduada
em Letras
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